Técnicas de trabalho sob tensão

 

É a reunião das técnicas desenvolvidas, padronizadas e utilizadas por profissionais que interagem direta ou indiretamente em todo e qualquer trabalho em instalações elétricas energizadas, acima de 1.000 Volts em corrente alternada, e acima de 1.500 Volts em corrente contínua, em equipamentos, dispositivos ou componentes do sistema elétrico de potência ou em suas respectivas proximidades.

 

Em linha viva

 

Define-se como linha energia toda e qualquer instalação elétrica energizada ou sujeita ao energizamento, independentemente da classe ou nível de tensão, contrariando até então o conceito de linha viva, atribuído somente às instalações elétricas energizadas a partir da classe tensão 15KV.

Diante desse conceito, consideramos que linhas desligadas, porém não aterradas, devem ser consideradas energizadas para efeito de execução de serviços.

A tecnologia aplicada nos trabalhos em redes energizadas varia de acordo com a classe de tensão da instalação elétrica que se deseja operar, bem como do tipo de atividade e dos equipamentos utilizados.

Dessa forma, para execução de trabalhos em redes energizadas, cuja classe de tensão varia entre 250V até 5KV a tecnologia, aplicada é praticamente a mesma, salvo pequenas alterações com relação aos aspectos de segurança.

O mesmo não acontece quando se trata de trabalhos em redes energizadas de tensão classe 15KV. Esse tipo de atividade requer uma tecnologia mais refinada, bem como,

equipamentos específicos e, principalmente, de profissionais devidamente treinados para essa finalidade.

 

Podemos citar alguns serviços utilizando-se a técnica de linha viva:

Em linhas e redes de distribuição até 34,5kV:

1. manutenção preventiva poste a poste;

2. substituição de postes, cruzetas e isoladores; e

3. substituição de chaves-faca, condutores e emendas.

 

Em linhas e redes de transmissão acima de 69,0kV e até 1.000kV:

1. substituição de cadeia de isoladores;

2. substituição de grampos de suspensão e de ancoragem;

3. substituição de espaçadores; e

4. substituição de outros artefatos (tensores, prolongadores, etc.).

 

Em subestações em geral:

1. limpeza geral das instalações e equipamentos;

2. execução de ‘jumpers’;

3. substituição de pára-raios;

4. manutenção de seccionadoras;

5. instalação, manutenção ou retirada de TPs e TCs;

6. revisão, reaperto ou troca de conectores;

7. substituição de fusíveis;

8. análise de óleo e funcionamento de transformadores.

 

Com relação à realização dos serviços os princípios são:

a. o colaborador responsável e autorizado pela empresa a supervisionar a equipe deve estar permanentemente atento às manobras dos eletricistas;

b. os serviços só podem ser realizados após a verificação das condições meteorológicas (ventos, chuvas, trovoadas nas proximidades do local do serviço, neblina, umidade relativa do ar alta, etc.), que reduzem a rigidez dielétrica do ar, podendo obrigar a não realização dos trabalhos;

c. em caso de chuva repentina, onde não houver tempo hábil para se retirar os equipamentos de linha viva, os mesmos devem ser deixados na posição em que estavam e somente poderão ser retirados quando secos, ou então com a rede desenergizada; e

d. os eletricistas deverão estar completamente instruídos (formalmente instruídos, vale salientar) a respeito dos serviços em linha viva, antes de se envolverem em operações reais de trabalho.

 

Ao potencial

 

Trata-se de uma metodologia aplicável às classes de tensão de 69 a 1.000kV, isto é, como comumente conhecidas alta, extra-alta e ultra-alta-tensão, já que impõe um afastamento maior do eletricista com a parte energizadas, o que cria uma dificuldade muito maior no caso de manobras realizadas à distância. Em tensões desses níveis o campo eletromagnético é extremamente alto, e não permite o contato do eletricista com o potencial elevado sem que esteja fazendo uso de uma blindagem especial, conhecida como ‘roupa condutiva’. Essa blindagem utiliza o princípio da gaiola de Faraday, equalizando o potencial do eletricista com a parte energizadas, mantendo o colaborador que estiver interagindo com o sistema energizados completamente isento e inerte em relação ao campo eletromagnético. A utilização da ‘roupa condutiva’ permite que qualquer serviço nessas classes de tensão elevadíssimas seja desenvolvido com o eletricista usando suas mãos nuas, sem qualquer risco à sua integridade física, neutralizando qualquer risco que porventura seja proporcionado pela sua exposição à tamanha diferença de potencial.

 

Em áreas internas

 

Todo trabalho deve ser planejado a fim de que interfira o mínimo possível na rotina de outras áreas. Os cuidados devem ser especiais ao se realizarem serviços sob tensão em áreas internas, justamente pelo fato de interferir até fisicamente com pessoas e com o ambiente, podendo inclusive gerar riscos de acidentes graves que podem, em geral, gerar desdobros fatais. Todas as manobras que sejam feitas em áreas internas das instalações, isto é, em subestações ou painéis localizados no interior de áreas abrigadas devem conter os equipamentos de proteção coletiva compatíveis, respeitando o nível de tensão à qual estejam submetidos.

 

Trabalho à distância.

 

Consiste na execução de das tarefas por meio de bastões isolantes e ferramentas adaptáveis a esses bastões, de modo que o eletricista não mantenha, em nenhum momento, contato com a rede energizada.

Esse método é mais utilizado para trabalhos com tensões acima de 15KV, que se dará através de bastões de manobra por ocasião de abertura e fechamento de chaves de faca/ fusível.

Trabalhos noturnos e em ambientes subterrâneos

 

Sendo apenas emergenciais, os trabalhos noturnos, caso venham a se realizar deverão contar, basicamente, com uma estrutura de sinalização eficiente, bem como a garantia de iluminação eficaz, dentro do que prescreve a NR 17 em seu subitem 17.5.3.3.

Somente em caso de manutenção corretiva é que o trabalho subterrâneo é realizado no âmbito da planta da sua empresa dentro do sistema elétrico de potência.

 

Observação: Atender todas as prescrições descritas na NR 33 – Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Confinados.

 

TRABALHO SOB TENSÃO