A subestação e seus componentes principais

 

Com a finalidade de transformar a energia elétrica recebida e entregá-la, de maneira conveniente, aos seus consumidores, a subestação compreende os seguintes equipamentos:

1. de manobra;

2. de transformação;

3. de conversão (se houver além da modificação de tensão também houver modificação da freqüência); e

4. de estrutura.

 

Elas se subdividem em três grupos básicos que são as primárias (ou de transformação), secundárias (ou de distribuição) e industriais:

 

a. primárias: destinadas à transmissão de energia elétrica;

b. secundárias: transformam, convertem ou subdividem a energia a ser distribuída;

c. industriais: transformam a energia do sistema de distribuição em energia sob condição de utilização direta pelo consumidor.

 

Existem basicamente quatro tipos clássicos de subestação:

 

1. aérea: possui os dispositivos de proteção e controle instalados na própria estrutura da subestação. Normalmente é montada em postes ou plataformas ao ar livre, recebendo a alimentação por ramal de entrada aéreo e está limitada a determinadas potências, em função da concessionária de energia;

2. interna: localizada dentro de construção de alvenaria, sendo facilmente acessível à manutenção e operação, além de possuir proteção contra interferências externas, proteção em tela metálica ou esquadria especial para as áreas de utilização, assim como ramal de entrada subterrâneo, através de dutos. A construção que abriga a subestação pode ser independente ou fazer parte do edifício do consumidor;

3. blindada: é uma subestação interna, na qual seus componentes ficam abrigados em invólucros, que se configuram como compartimentos em chapa de aço, e que permite que todos os dispositivos e manobra (disjuntor e chave seccionadora) possam ser operados externamente. É muito comum quando há necessidade de se reduzir a influência dos campos eletromagnéticos a níveis mínimos;

4. subterrânea: empregada onde a rede de distribuição já é do tipo subterrânea e é de propriedade do cliente, diferenciando-se apenas em relação à subestação interna (item 2, que possui “alimentação” oriunda de rede aérea de distribuição).

Vista de uma subestação industrial do tipo blindada

O tipo mais comum é a industrial interna rebaixadora, tendo o seu princípio de funcionamento descrito da seguinte maneira:

a. a alimentação em alta tensão é recebida de um ramal aéreo da concessionária, em oste próximo ao local da instalação da subestação (responsabilidade da concessionária de energia);

b. no poste são instalados os pára-raios e as chaves seccionadoras (responsabilidade da concessionária), que também são dispositivos de proteção, quando a corrente é de até 200A (chave fusível, ou, como é popularmente chamada, chave Matheus);

c. por meio de uma mufla (dispositivo mecânico, terminal de ligação, que permite a conexão de um cabo a um barramento, a uma chave ou a outro cabo, preservando os valores de tensão de isolamento de linha) o cabo trifásico da subestação é emendado aos fios da rede de distribuição na saída da chave seccionadora;

d. já na parte interna da subestação, a alimentação chega através do cabo trifásico também terminado em uma mufla para permitir a conexão ao barramento interno da subestação, através de chaves seccionadoras;

e. entre a mufla interna e a seccionadora interna também é instalado um pára-raio, que já é responsabilidade do proprietário das instalações;

f. após a segunda chave seccionadora estão ligados ao barramento da subestação os equipamentos destinados às medidas de energia consumida nas instalações, ou seja, o quilo-Watt-horímetro (mede kWh) e o medidor de quilo-Volt-Ampere-reativo hora (mede kVArh), que recebem informações através dos transformadores de potencial (TP), instalados entre fases e dos transformadores de corrente (TC) que são monofásicos (por esse motivo diz-se que a medição é indireta, ou seja, os medidores não estão diretamente na alta tensão, mas dependem de transformadores que rebaixam tensão e corrente para valores compatíveis com os aparelhos de medição);

g. depois da medição, outra chave seccionadora à montante do disjuntor geral de alta tensão;

h. após o disjuntor geral o barramento alimenta outra chave seccionadora que antecede o transformador rebaixador de tensão, por exemplo, de 13.800 para 220 Volts;

i. da saída do secundário do transformador parte alimentação ao barramento do quadro geral de baixa tensão (QGBT) ou quadro de distribuição geral (QDG), instalado fora dos limites da subestação;

j. a partir do QGBT é feita, portanto, toda a distribuição dos circuitos em baixa tensão através de fusíveis e disjuntores.

 

A chave seccionadora se caracteriza por ser um dispositivo que não interrompe circuitos sob carga, sendo necessária sua manobra ser feita de maneira suave, porém rápida e decisiva se estiver sob tensão. A verificação das facas após a abertura é fundamental, pois é preciso ter certeza absoluta de que se abriram completamente. Também no fechamento os contatos devem ser inspecionados devendo estar perfeitamente encaixados e não existir qualquer tipo de faiscamento.

Chave seccionadora típica de uma subestação industrial interna

 

O disjuntor geral de alta tensão possui a prerrogativa de ser o único dispositivo de manobra em condições de ser manobrado em carga. Os que operam em corrente contínua são conhecidos como ultra-rápidos, a fim de não permitirem que a corrente de curto-circuito atinja valores muito altos. Em corrente alternada os disjuntores dispõem de dispositivos corta-arco que podem ser:

 

a. a óleo mineral (podendo ser de pequeno ou de grande volume de óleo);

b. a gás SF6 (hexafluoreto de enxofre, um gás inerte e de excelentes propriedades interruptoras e isolantes; é um dos compostos mais estáveis e puros sob condições normais de serviço, sendo ainda não-inflamável, não tóxico e inodoro; meras 2 ou 3 atm de pressão são suficientes para que seu poder dielétrico exceda o do óleo), muito usados em alta tensão e apresentam vantagens tais como peso reduzido (60% menor que o de um disjuntor a óleo equivalente), operação silenciosa (é o mesmo nível de ruído de um disjuntor a óleo equivalente operando sem carga), e manutenção simplificada; e

c. a vácuo (possuindo vantagens de ser mais econômico e tecnicamente superior, pois possui dielétrico permanente, com câmaras herméticas, não sendo afetadas pelo meio ambiente; possui resistência de contato constante, não havendo oxidação, garantindo baixíssima resistência de contato; pode interromper correntes elevadíssimas devido ao reduzido desgaste dos contatos).

Equipamento disjuntor instalado numa subestação industrial interna

 

Além dos contatos fixo e móvel e a câmara de extinção de arco-voltáico, basicamente os relés de sobrecarga, de curto-circuito, e de infratensão (ou sub-tensão).

O relé de sobrecarga é ajustável, e atua baseado no efeito térmico causado pelo excesso de corrente, e de maneira inversamente proporcional: quanto menor o tempo de atuação, maior será o valor da corrente na sobrecarga. Já o relé de curto-circuito é um dispositivo de ação instantânea, ou ainda com retardo ajustável.

E o relé de infratensão desarma o disjuntor por meio de dispositivo eletromecânico acionado quando a tensão está em níveis inferiores à nominal.

Outro componente importantíssimo no contexto da subestação é justamente o transformador de força e distribuição de energia elétrica. Construtivamente ele se compõe de enrolamentos primários e secundários, bem como do núcleo magnético, normalmente confeccionado de chapas de ferro-silicioso, laminadas a frio, de perdas reduzidas.

O bobinado (enrolamentos) é isolado em papel com características dielétricas especiais, principalmente se forem permanecer em contato com meio líquido.

Atualmente os líquidos isolantes mais usados em transformadores são óleo mineral e o óleo vegetal. Ambos têm função isolante e refrigerante.

                 

Na foto acima são vistos transformadores monofásicos e trifásicos avariado

aguardando recondicionamento

 

O transformador conta ainda com o relé de gás, conhecido como relé Buchholz (pronuncia-se ‘Búcous’), que protege o equipamento contra defeitos internos, que se fazem sentir por fluxo de óleo, indicando a formação de gases provenientes da combustão do meio líquido.

Possui alto preço de aquisição e sua ligação se faz entre o tanque e o conservador. É equipado com válvulas de retirada de amostra de gases, permitindo assim, pela análise dos mesmos, determinar a sua origem. Esse relé possui ainda indicador de nível de óleo e nível da quantidade de ar ou gás acumulado em sua abóbada.

Todo transformador em óleo possui uma válvula de respiro em sua parte superior, através da qual se processa a compensação da variação interna das pressões, devido à dilatação do óleo mineral pelo efeito Joule.

O tanque do transformador é o elemento que liberta o calor transferido por meio líquido, além de suportar o peso de toda a sua parte ativa e dos isoladores, principalmente quando a montagem é feita em postes, por meio de ganchos.

Constituído em chapa reforçada, o tanque pode ser liso em pequenos transformadores ou dotado de radiadores, que são tubos com ou sem aletas para troca do calor com o meio externo. Deve garantir perfeita estanqueidade e suportar as pressões necessárias em condições adversas até determinado limite.

Dentro do tanque, o óleo é aquecido pelas perdas nos enrolamentos e no próprio núcleo, quando assume o movimento ascendente (o óleo se torna menos denso ao ser aquecido). Então é conduzido aos radiadores e toma o movimento descendente, dissipando a caloria com o meio externo. É esse tipo de movimento, conhecido por convecção, que garante o funcionamento do transformador em condições de sobrecarga, quando o aquecimento da parte ativa se registra mais intensamente. O resfriamento do óleo pode se dar de maneira natural, chamado de resfriamento natural (LN), ou por ventilação forçada (LVP) quando, neste último caso, a potência máxima permissível é maior que no caso da natural, devendo ser observada nos dados de placa do transformador.

 

INTERIOR DE ALGUMA SUBESTAÇÃO

Manutenção de Subestação

subestação acima de 225kVA